A importância da filosofia política
“Os filósofos discutem a política por uma boa razão. Na filosofia política, ao contrário do que acontece noutras áreas da filosofia, não há refúgios. Na filosofia, o agnosticismo é muitas vezes uma posição respeitável. Talvez eu não descubra uma posição satisfatória relativamente à questão da existência ou inexistência de livre-arbítrio e, por isso, não professe qualquer perspectiva. Num contexto mais vasto, isto quase nada interessa. Mas na filosofia política o agnosticismo anula-se a si próprio. Pode não interessar se uma sociedade não tem uma política oficial sobre a solução para o problema do livre-arbítrio, mas em todas as sociedades há alguém que detém o poder político e a riqueza encontra-se distribuída de uma forma ou de outra. Claro que a influência de um indivíduo sobre as decisões da sociedade será provavelmente ínfima. Mas, potencialmente, todos temos algo a dizer, se não através do voto, então dando a conhecer as nossas opiniões através do debate e da discussão, quer na arena pública quer de forma «subterrânea». Aqueles que preferem não participar verão as decisões políticas serem tomadas por si, quer gostem delas quer não. Nada dizer ou fazer é, na prática, dar aval à situação actual, por insatisfatória que seja”.
Wolff, Jonathan (2004) Introdução à filosofia política. Lisboa: Gradiva, pp. 14-15.
“Os filósofos discutem a política por uma boa razão. Na filosofia política, ao contrário do que acontece noutras áreas da filosofia, não há refúgios. Na filosofia, o agnosticismo é muitas vezes uma posição respeitável. Talvez eu não descubra uma posição satisfatória relativamente à questão da existência ou inexistência de livre-arbítrio e, por isso, não professe qualquer perspectiva. Num contexto mais vasto, isto quase nada interessa. Mas na filosofia política o agnosticismo anula-se a si próprio. Pode não interessar se uma sociedade não tem uma política oficial sobre a solução para o problema do livre-arbítrio, mas em todas as sociedades há alguém que detém o poder político e a riqueza encontra-se distribuída de uma forma ou de outra. Claro que a influência de um indivíduo sobre as decisões da sociedade será provavelmente ínfima. Mas, potencialmente, todos temos algo a dizer, se não através do voto, então dando a conhecer as nossas opiniões através do debate e da discussão, quer na arena pública quer de forma «subterrânea». Aqueles que preferem não participar verão as decisões políticas serem tomadas por si, quer gostem delas quer não. Nada dizer ou fazer é, na prática, dar aval à situação actual, por insatisfatória que seja”.
Wolff, Jonathan (2004) Introdução à filosofia política. Lisboa: Gradiva, pp. 14-15.