O livro “Que Diria Sócrates?” (do projecto askphilosophers.org) prova que a filosofia não é um assunto do passado, mas é uma actividade extremamente viva e actual. Formula-se questões e vários filósofos respondem com teorias suportadas em argumentos, desafiando-nos a pensar melhor e a reavaliar criticamente as nossas crenças. Seleccionei uma passagem que aborda a temática das «perguntas filosóficas».
“Porque transformam os filósofos perguntas aparentemente simples em questões tão complexas e confusas?
Alexander George: Não há razão para pensar que uma pergunta simples tenha de ter uma resposta simples. A pergunta «Porque há marés?» é deveras simples; uma boa resposta a esta pergunta é deveras complexa. (Mas talvez considere que, regra geral, as perguntas a que os filósofos respondem de modo complexo podem ser respondidas de forma simples!)
Podemos ir mais longe e interrogar-nos sobre o porquê de as perguntas simples não terem, o mais das vezes, respostas simples. Bom, é uma excelente pergunta simples e suspeito que não tenha uma resposta simples! Em filosofia é frequente que as perguntas peçam uma explicação, ou uma racionalização, de algo em que acreditamos; por exemplo, um filósofo poderá querer saber porque acreditamos que as outras pessoas são seres conscientes (muito embora jamais possamos ter experiência directa disso e, portanto, jamais tenhamos indícios do estado de consciência de outros). Por vezes, a noção que um filósofo tem do que constitui uma boa explicação é semelhante à do cientista: uma explicação que recorre a teses básicas que, através do processo de inferência, nos conduzem a dado momento a muitas consequências interessantes e variadas. Dito de outra maneira, os filósofos procuram constantemente teorias, explicações que tragam ordem a um leque de fenómenos previamente desconectados, ou ainda que os sistematizem, explicações essas através das quais mostram como todos estes fenómenos se seguem de determinados pressupostos básicos. E as teorias, porque procuram espremer o máximo sumo possível de uma quantidade mínima de afirmações iniciais, podem implicar cadeias de raciocínio complexas. O caminho que liga os pontos de partida Às conclusões pode ser longo e sinuoso. O que pode parecer – e de facto é – uma tarefa complicada”.
Fonte:
Alexander George (.org) – Que Diria Sócrates? Os filósofos respondem às suas perguntas sobre o amor, o nada e tudo o resto. Tradução de Cristina Carvalho. Revisão científica de Aires Almeida. Lisboa: Gradiva, Julho de 2008, pp. 293-294.
"DA ARTE E DO ARTISTA", por Isabel Rosete
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«AS VOZES DA FILOSOFIA E DA POESIA, DAS ARTES, AS MINHAS E AS DE ALGUNS
OUTROS (poucos, infelizmente), NUNCA SE CALAM! SEMPRE DIZEM A
VERDADE/REALIDADE Q...
Há 8 anos
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