terça-feira, 30 de março de 2010

"Morte e Re-nascimento de Cristo", por Isabel Rosete



Não há propriamente uma data determinada nem para o morrer, nem para o re-nascer de Cristo – essa ex-traordinária e iluminada figura que a História nos doou, como uma benção – para além das convencionadas no calendário católico/religioso.

Não obstante estarmos bem perto de comemorar o re-nascimento desde judeu amaldiçoado pela vileza dos homens e, por extensão, a Paz, a Solidariedade, a Luz, a Verdade, o Bem, o Amor, a Justiça..., não devemos esquecer, caro leitor, que o Mundo continua a sofrer, a ser martirizado e crucificado como Cristo o foi, um dia, pela histeria colectiva das multidões enfurecidas, alucinadas pela sede do sangue, fresco e quente, de um Homem que tinha tão-só por missão salvar a Humanidade de si mesma e dos seus próprios perigos e erros

Iludir a realidade a reboque das comemorações convencionais, só porque são convenções (cada vez mais minadas pelo exacerbado consumismo que nos esgota as bolsas) não faz, jamais, a Humanidade crescer, pensar ou reflectir sobre esse sofrimento, físico e psíquico, de que ela mesma é vitima, a partir das suas próprias mãos maculadas, amiúde, pelo sangue jorrado das Almas e dos corpos inocentes.

Enquanto uns estão à mesa a confraternizar com as suas famílias (mesmo que sobre as franjas da hipocrisia, todos o sabemos!), em serenidade e alegria, deliciando-se com o mais requintado dos manjares, especialmente organizado para a Páscoa celebrar (mas que Páscoa!? Mas que celebração!?), outros morrem de subnutrição, aí mesmo ao nosso lado, espalhados por esse mundo imenso, sem dó, são vítimas de balas perdidas, da má fé, das guerras infundadas e da violência gratuita.

O tormento, a amargura, dessas gentes vexadas na sua humanidade pela malvadez, pela violência, pela crueldade... não se exaure pelo simples facto de o dia de Páscoa estar quase a chegar, não se extenua durante uns escassos momentos de tréguas. Lamentavelmente, tudo permanece do mesmo modo, em alguns casos, camufladamente, noutros claramente visíveis, apenas ocultos para aqueles que, por conveniência, não querem ver.

Recuso-me, por conseguinte, a ludibriar a realidade; recuso-me a compactuar com a hipocrisia dos homens, que só se lembram que há mendicantes, crianças e velhos, moribundos e desamparados, povos em guerra…, quando a Páscoa é, oficialmente, solenizada.

A memória dos homens, seja a curto ou a longo prazo, não deve continuar minguada; a memória dos homens não deve somente ser testada, assim como a sua humanidade (ou pseudo-humanidade), quando o socialmente instituído é festejado.

Torna-se óbvio que o Espírito da Páscoa jamais se deve restringir ao dia de Domingo, pelo calendário determinado. O Espírito da Páscoa deve, ao invés, estar presente, sempre, em todas as mentes e em todos os dias das nossas vidas, tão efémeras quanto a de Cristo.

O tinir do sino, que pelas ruas e praças difunde o seu som de apelo, anunciando a chagada, a cada casa, da cruz de Cristo, nunca é capaz de eliminar ou de abafar o som da miséria humana, pelo menos para aqueles que escutam todos os ecos, para além dos ensurdecedores ruídos, que enxergam mais longe, para além das aparências, dos convénios, dos pré-conceitos, ou do chamado politicamente correcto (odeio esta expressão!).

Urge, estimado leitor, abanar as consciências, incitar as mentes à mais profunda reflexão; é imperativo fazer renascer, em todo o seu fulgor, o Espírito Crítico, por detrás de todas as máscaras, de todos os discursos vazios de conteúdo, meramente convenientes para uma escassa minoria.

Isabel Rosete

“A PAIXÃO DE CRISTO” REVISITADA", por Isabel Rosete

Se atentarmos nas passagens da Bíblia em que Gibson se inspirou para realizar A Paixão de Cristo, é isso mesmo que se sente, vê, escuta e vivencia: violência, crueldade, muito sangue derramado, inocentemente.
Todos os relatos da época confirmam, sem reservas, essa atrocidade, essa des-humanidade, essa insensata histeria colectiva, movida pelo gosto da agressividade e pelo prazer do ódio.
O realizador, frisemo-lo, não enfatizou ou empolou a contextura epocal, como sustentam os espíritos menos esclarecidos. Apenas a mostrou, na sua plena autenticidade.
A humanidade é assim mesmo: bárbara, violenta, vil... Toda a História o mostra. Só que nem sempre o vemos. Nem sempre o queremos ver. Ou, simplesmente, não convém que o vejamos. É mais cómodo compactuar com o regime, mesmo que, literalmente, o abominemos.
Cristo foi tão-só mais um, entre tantos outros, mártire dessa bestialidade, insensibilidade e leviandade exacerbada dos Homens.
Cristo não convinha ao sistema instituído. Foi um revolucionário. Um verdadeiro rebelde. A sua Filosofia, obviamente contestatária. Naturalmente, teve de ser morto, como também o foi Gandhi, por razões idênticas, só para dar mais um exemplo histórico da Intolerância des-medida.
Assim é a postura de todos os regimes políticos totalitários, os de ontem, os de hoje, os de sempre! Dogmáticos, inflexíveis, intocáveis, pretensos donos da verdade absoluta, não admitem, outras verdades, outras visões do mundo, ou, apenas, uma outra ordem.
É preciso mostrar a todos os olhares dis-persos, do modo mais realista possível, o que o Mundo é na sua essência, sem pré-conceitos, sem falsos moralismos. Este Mundo – o de Cristo e o nosso – não é um mar de rosas, mas, sobretudo, uma imensidão de espinhos, camuflados por belas, cheirosas e aveludadas pétalas.
Devemos observá-lo, clara e distintamente, por detrás de todos os véus, de todas as máscaras que ludibriam as mentes ex-traviadas. Devemos pensá-lo, profundamente; analisá-lo, criticamente, com os olhos da razão, que ultrapassa a vulgaridade das opiniões comuns.
Urge não esquecer que vivemos, tal como o experienciou “O Messias”, minados pelo fingimento, pela dissimulação, pela inveja, pela violência gratuita, pela guerra, entre alguns escassos momentos de paz e de enaltecimento dos valores que efectivamente devem prevalecer no coração dos homens: a Verdade, a Honestidade, o Bem, a Solidariedade, a Tolerância, o Respeito pelas Diferenças fundamentais e pela Liberdade essencial de todos os Povos, Estados, Nações…, independentemente dos credos religiosos, das facções político-partidárias, das cores, das raças, das religiões ou das dissemelhanças culturais. Assim o consagrou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, só em tese, aceite, porque raramente cumprida pelos pretensos detentores do poder.
Urge, ainda e sempre, re-nascer, para uma Outra Idade, para um outro Mundo, onde a Racionalidade paute os pensamentos e as acções do Homens, onde o Bom-Senso impere, definitivamente, para além de todos os paradoxos ou contra-sensos.

Isabel Rosete

quarta-feira, 3 de março de 2010

MANIFESTO CONTRA A COBARDIA E A HIPOCRISIA – 2ª Versão


Francis Bacon, Study for the Head of a Screaming Pope, 1952.

Para o enobrecimento dos Espíritos PUROS
Por: Isabel Rosete


Não sei mais amar o próximo
Como a mim mesma!

A futilidade é
Claustrofóbica!
A mesquinhez é
Indigna!
E a (dita) … normalidade?

Ah, a normalidade!
A grande farsa
Dos Cobardes e dos Hipócritas,
Dos que blasfemam
No mais sórdido silêncio
Encobertos por opacos véus!
Ah, a normalidade!
A grande farsa
Dos que escondem o rosto próprio
E todas as suas faces
Por medo, por desvario, por ignorância,
Por dissimulação, por sonsice...
Pelo temor das vozes dos outros…
Que não apoiam qualquer acto
De presentificação do ser si-mesmo!

Malditos!
Eternamente vos amaldiçoo!
O fogo do Inferno vos desejo
Com todas as forças
Que ainda me restam,
Até ao meu último fôlego sentido!

Odeio-vos,
Vermes com rosto de gente,
Que até os animais (mais) selvagens desprezam
Como carne putrefacta
Que nem os abutres ousam devorar,
Apesar de famintos!

Tenho nojo de vós,
Asquerosos Cobardes e Hipócritas,
Nem em aparência respeitáveis!

Sois pura afiguração,
Meros pedaços,
Dispersos,
Do ignóbil Nada que vos consome!

Sois,
Malditos Cobardes e Hipócritas,
A praga que a Medicina ainda não aniquilou!

Sois,
Malditos Cobardes e Hipócritas,
Uma espécie exaquerável
De qualquer coisa insignificante,
Sem nome próprio!

Podres estão os vossos corpos
E as vossas almas!
Mas…, que corpos?
Mas…, que almas?

Alma, não tendes!
Nem corpo,
Nem matéria,
Nem forma,
Nem nada que possamos
Identificar com coisa alguma
Que se possa descrever ou mencionar,
Com propriedade!

Sois,
Cobardes e Hipócritas,
De tal modo In-identificáveis
No vosso parecer-ser miserável,
Que todos os adjectivos depreciativos
Se esgotam em todas as línguas
E em todas as linguagens
Para vos classificar!

Porque não morreis,
De uma vez só,
Cobardes e Hipócritas,
Se sois a verdadeira e pura escumalha,
A negra mancha da escassa dignidade
Que ainda nos resta,
A nós,
Que existimos de viso des-coberto,
Aberto…, nos múltiplos e extensos espaços
Da autenticidade do Ser
E do Estar, que vós,
Não conheceis jamais?

Excluo-vos,
Indigentes cobardes
E
Hipócritas,
Do meu pequeno-grande mundo
Mais-que-perfeito.

Se quiserem,
Se ousarem querer,
Alguma vez,
Pelo menos uma vez,
Por entre alguns parcos momentos
De uma eventual lucidez remota
Que ainda possa surgir
Nos vossos espíritos quadrados encurralados,
Digam que sou ARROGANTE,
Vá, digam, se sois capazes!
Mas digam-no em VOZ BEM ALTA,
Miseráveis Cobardes e Hipócrates!

Eu,
Apenas afirmo:

TRANSPARÊNCIA e TOLERÂNCIA,
Meus queridos!
TRANSPARÊNCIA e TOLERÂNCIA,
Repito,
Agora a sempre…
Para sempre…
Neste e em todos os meus manifestos
Contra a COBARDIA e a HIPOCRISIA!

É tão-só a TRANSPARÊNCIA
E a TOLERÂNCIA
Da (IN) TRANSPARÊNCIA e
Da (IN) TOLERÂNCIA,
Que me corre nas veias!

É tão-só a TRANSPARÊNCIA
E a TOLERÂNCIA
Da (IN) TRANSPARÊNCIA e
Da (IN) TOLERÂNCIA,
Que move as minhas sinapses neuronais!

É tão-só a TRANSPARÊNCIA
E a TOLERÂNCIA
Da (IN) TRANSPARÊNCIA e
Da (IN) TOLERÂNCIA,
Que alimenta a minha Alma!

E tão-só a TRANSPARÊNCIA
E a TOLERÂNCIA
Da (IN) TRANSPARÊNCIA e
Da (IN) TOLERÂNCIA,
Que me fustiga o Espírito!

O que quereis mais,
Gente medonha e estúpida?

Se não tendes mais nada para dizer,
Se não sois mais capazes de engolir,
A frio,
A vossa Cobardia e Hipocrisia,
CALAI-VOS, PARA SEMPRE!

Isabel Rosete
30/04/2008
04/03/2010

terça-feira, 2 de março de 2010

Lástimas para quê?

É claro! Lastimando-nos ou não, a Vida continua do mesmo modo no seu curso natural, num misto de determinismo e de liberdade.
Ninguém é auto-suficiente! Nada é, apenas, por si só! Há sempre um outro, muitos outros... na mesma lástima (ou pior!) do que a nossa.
Caetano Veloso diz: "Navegar é preciso, viver não é preciso!" Parafraseando-o para este contexto, afirmo:" lamentar não é preciso; agir é preciso!”
Chega de discursos de mágoas apelando para a “solidariedadezinha”, para a “caridadezinha”! Chega de discursos ditos politicamente correctos, por detrás dos quais reina a hipocrisia e o mero oportunismo, mesmo perante as irremediáveis e incontornáveis catástrofes naturais!
Sinceramente estou farta de “bodes expiatórios” e de “muros de lamentações”; das farsas de uma humanidade ludibriada e de rosto encoberto; de mãos que não agem; de braços cruzados, que para nada de mexem, de diálogos que são monólogos vazios; de politiquices, de tachismos, de compadrios!
Ainda não perceberam que somos completamente inúteis se não colocarmos em acção os nossos pensamentos autênticos e necessários, e as palavras que os dizem? Claro que perceberam, mas não vos convém! É mais comodo assistir, de camarote, como meros observadores passivos, pensando que há sempre alguém que se mova por nós!
Desculpem, meus senhores e minhas senhoras, mas a esta onda não me agita! Só as ondas alterosas dos mares vigorosos por onde, outrora, navegaram os grandes, os verdadeiros heróis deste País, que fizeram História, pela sua bravura, coragem, ambição, sentido real de Pátria, conscientes dos reais problemas nacionais que pretendiam, de facto, resolver (e resolveram, e para isso se moveram!), quais almas nobres de punho forte que assim foram conduzidos, apesar de todos os obstáculos e intempéries desse mar imenso, com mostrengos e algumas sereias, a construir um Império, onde se fundamentou e estruturou a dignidade do Povo português, hoje, sem norte, decaído, num caos económico, também intelectual e moral de um povo sem crédito.
Podem dizer que sou lunática, saudosista, arrogante, exacerbadamente patriota… ou seja lá o que for! Porém, ergo a minha consciência e a minha voz sempre e onde for necessário, e de rosto aberto; também movo as minhas mãos para todas as acções que tiver de realizar em nome de um Portugal completamente renovado, quer dizer: de um Portugal sem corrupção, sem mentiras, sem escutas escusas, sem comportamentos por debaixo do pano, sem pressões absurdas sobre o que é pensado e escrito, porque a Verdade não querem que aflore.

Isabel Rosete
02/03/2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

Isabel Rosete na sessão de lançamento da obra "POIESIS", editorial Minerva




Lançamento do livro de Isabel Rosete "Vozes do Pensamento" (uma obra para espíritos críticos)

CONVITE:

Espero-vos no lançamento do meu livro, "Vozes do Pensamento", a realizar no próximo dia 20 (Sábado) deste mês, pelas 21.30h, na Livraria Leitura (Centro comercial "Cidade do Porto").

Saudações poético-filosóficas,
Isabel Rosete